blog em memória da gazetilha que "circulou na cidade de Cachoeira do Arari (ilha de Marajó, Estado do Pará) no biênio 1906 / 1907. Fôlha pequena, a 3 colunas. Redigido por Alfredo N. Pereira." (cf. Carlos Rocque, "Grande Enciclopédia da Amazônia"). O editor era meu avô paterno, usava tipográfica manual no Chalé celebrizado nos romances de Dalcídio Jurandir, notadamente "Chove nos campos de Cachoeira" e "Três casas e um rio".

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

PAPEL SOCIAL DE JORNAL DE PERIFERIA

A aldeia global nos faz pensar no grande irmão previsto por George Orwell no romance "1984", o Big Brother cujo reality show de TV é uma pálida ideia. A imposição do pensamento "universal" contra a Babel da barbaridade na rejeição do Outro... Na verdade, o jogo de poder esconde a incontornável dialética centro-periferia. Ou seja, imperium versus Terra incognita.

O mundo sem fronteiras é a miragem de Marco Polo, que oculta o paradoxo do viajante em busca da descoberta do mundo se afastando da aldeia natal e esquecendo a si mesmo. O que busca de fato o homem da diáspora? Seria talvez encontrar a si mesmo na estranheza dos outros. Mas, muitas vezes o pobre peregrino na descoberta do mundo cai na fantasia de Narciso afogando-se nas próprias ilusões. O centro deste drama espelha-se na geografia da globalização melhor do que em qualquer livro de história mundial.

E a História - já se devia saber, só se repete como farsa -, então qualquer diário pessoal ou o Diário Oficial ou folha miúda de aldeia no fim do mundo são registros sensíveis da grande história do mundo. Mas, como o mapa não é o território, também a imprensa não é, verdadeiramente, a História.

Mulheres e homens na diversidade dinâmica da geografia dos lugares (Milton Santos), sim, são a História sempre presente (na re-fazenda do passado a inventar o futuro). A busca incessante da consciencia coletiva a qual não pode existir se não na existência real de cada um e de todos indivíduos de certa época.

Todo pensamento dominante tende ao inevitável suicídio de Narciso: o gozo perde a noção do perigo, para que a vida continue sem perda da sua doce ilusão é preciso despertar e remomeçar os labores do dia... É esta contradição vital que impele a humanidade a engendrar, continuamente, novas conquistas. Se queres a paz prepara-te para a guerra...

Então, se o mundo é um só num planeta único, como de fato o é; o "centro" está em toda parte e a "periferia" pode estar fisicamente ao lado do palácio (se não, em sua cozinha e garagem...). A mídia é espelho desta incoereente diversidade: o jornalão classe "A" e jornalzinho da roça, querendo ou não os seus repórteres fazem parte do mesmo tecido mental que habita corações e mentes do distinto público...

Estas reflexões ocorreram em "minha" consciência dos outros, com a leitura sumária de matéria do OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA (ver link abaixo), onde se lê a importância do educador Paulo Freire na construção de um mundo solidário. No qual o jargão "pensar globalmente e agir localmente" se acha pelo oposto, pensar a periferia para agir na metrópole. Ou não!

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=625DAC001

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