blog em memória da gazetilha que "circulou na cidade de Cachoeira do Arari (ilha de Marajó, Estado do Pará) no biênio 1906 / 1907. Fôlha pequena, a 3 colunas. Redigido por Alfredo N. Pereira." (cf. Carlos Rocque, "Grande Enciclopédia da Amazônia"). O editor era meu avô paterno, usava tipográfica manual no Chalé celebrizado nos romances de Dalcídio Jurandir, notadamente "Chove nos campos de Cachoeira" e "Três casas e um rio".

terça-feira, 25 de março de 2008

um certo capitão Alfredo

O editor da gazetilha "O Arary" era filho de Raimundo Pereira, Voluntário da Pátria, levado na tropa do Pará para a guerra do Paraguai. Na história oral da família consta que o patriarca voltou da guerra trazendo como troféu pequena imagem de Santa Rita de Cássia, achada no terreno de batalha e a tuberculose que deu cabo a seus dias. Portanto, o soldado Raimundo era bisavô do repórter do fim do mundo que vos fala.



Com a morte de seu pai, Alfredo Pereira, nascido na vila de Benfica (hoje distrito do município de Benevides-PA, na área metropolitana de Belém) ficou sendo arrimo de família e depositário da imagem paraguaia de Santa Rita de Cássia; da qual iria se tornar devoto. O jovem cursava na capital a faculdade de Direito, mas diante das circunstâncias trancou matricula e foi pedir emprego público ao governador Pinto Guedes, que o nomeou professor primário na vila de Muaná. Donde foi transferido depois para a vila de Ponta de Pedras.



Moço e solteiro, o professor fez suspirar corações pontapedrenses. Mas, dentre os alunos três indiazinhas da aldeia Mangabeira vinham à escola aprender as primeira letras: elas se chamavam Antônia, Joana e Serafina. A primeira veio a ser minha avó tapuia, mâe de Rodolpho Antonio Pereira, meu pai. Minha avó faleceu no parto de Rodolpho e de um gêmeo natimorto, que recebeu nome de Manuel, isto pelo ano de 1904.

Viúvo, o professor e rábula da vila de Ponta de Pedras casou-se com dona Margarida Ramos, uma mulher negra valorosa, que foi mãe do jornalista Flaviano Ramos Pereira, do romancista Dalcídio Jurandir, médico Ritacínio Pereira e a professora Alfredina Pereira Rodrigues, esta vivendo hoje na glória de seus quase noventa anos de idade, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Interessante frisar, que o capitão honorário da guarda nacional na sua veneração à Santa Rita batizou de Ritacínio a de seus filhos. Donde a origem de diversos Ritacínios depois.

No dia 10 de janeiro de 1910, nascia Darcidio José, registrado assim inicialmente no Cartório Malato, em Ponta de Pedras. Com um ano de idade, o futuro escritor mudou-se com seus pais para a vila de Cachoeira (depois Arariúna, hoje Cachoeira do Arari). Lá, teve o nome retificado por seu pai, como Dalcídio.

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