qualquer pessoa que preste atenção ao noticiário da mídia deve saber que, desta vez, a Crise é pra valer. Uma metáfora impressionante lembra que a epidemia de obesidade das classe abastadas em países ricos convive com a fome nas margens mais desgraçadas dos países pobres. A mudança Climática é a face escura da inviabilidade socioambiental do sistema de produção e consumo. Os limites do crescimento estão postos: agora, desenvolvimento sustentável significa melhoria na distribuição de renda e sustentabilidade econômica do mercado doméstico, exatamente, para que haja renda a redistribuir. Poucos países como o Brasil tem chances para fazer isto, mas o perigo da "interdependência" já mostrou as garras pronto para acusar o governo do fechamento da economia. Outrora, chamada política "chinesa"...
em boa hora, o governo do Presidente Lula instituiu o programa Territórios da Cidadania, reunindo municípios de menor IDH em cerca de 120 consórcios. O próximo governo da Presidente Dilma poderá acelerar o programa e fazer dele a locomotiva do desenvolvimento regional sustentável com que o mercado interno venha a compensar a prevista retração do mercado externo global. Então, os 120 territórios federativos podem ser a chamada "salvação da lavoura" de um outro Brasil possível. Algo semelhante à imensa China interna e a agressiva indústria made in China.
todavia, isto não é só querer e deitar falação. Aí está, na verdade, o nó Gordio do serviço público com a caricatura do imortal prefeito de Sucupira, Odorico Paraguassu; a fazer rir, quando se devia chorar; a plateia de palhaços pagadores de impostos, mal servidos e mal pagos que alimenta o êxodo rural com a consequente concentração urbana e de rendas, com a explosão do consumo de drogas e da violência. Mais do que prefeitos bisonhos e vereadores venais, é a apatia da população e a morosidade da Justiça que explicam o fenômeno das eleições dos Enéias e Tiriricas de todos os tempos. Seria necessário reformar os chamados "tribunais" de contas para verdadeira corte unificada de Justiça. Onde mais do que prender e cassar, prevalecesse rápido bloqueio e sequestro de bens a par de penalidade por prestação de serviços comunitário e inegibilidade insofismável pelo aperfeiçoamento da lei de Ficha Limpa.
está claro que os políticos (com as devidas exceções) não arredarão uma palha sequer no sentido de mudar as disparidades regionais e desigualdades de classe. Portanto, a Presidente Dilma terá mais dificuldade no campo interno do que no exterior, como aliás ficou patente no governo do Presidente Lula cuja popularidade não deixa dúvida sobre quem está a seu lado e quem está contra.
nunca dantes neste país, as relações federativas foram tão visíveis. Com estas, um termo complementar, ainda pouco notado pelos leitores de jornais e telespectadores, dito cooperação internacional descentralizada, configura um par de atividades que tem a cara da era da internet e parece talhada para atenuar efeitos colaterais da dieta global que está por vir. Autogestão de comunidades rurais e comunas de bairro poderiam contar com vigorosa participação popular capaz de dar vida nova aos municípios como raízes vitais do gigante Brasil.
a "periferia da Periferia" (no caso, a Amazônia) tem fragilidade social histórica, que a academia brasileira negligencia no estudo do desenvolvimento regional. É a formação do município amazônico, saído das aldeias das missões e do Diretório dos Índios durante da ditadura esclarecida do Marquês de Pombal. O PLANO MARAJÓ e programa Territórios da Cidadania, no Pará, poderiam dar oportunidade às relações federativas para realizar, doravante, referência para uma política inovadora em matéria de desenvolvimento local.
blog em memória da gazetilha que "circulou na cidade de Cachoeira do Arari (ilha de Marajó, Estado do Pará) no biênio 1906 / 1907. Fôlha pequena, a 3 colunas. Redigido por Alfredo N. Pereira." (cf. Carlos Rocque, "Grande Enciclopédia da Amazônia"). O editor era meu avô paterno, usava tipográfica manual no Chalé celebrizado nos romances de Dalcídio Jurandir, notadamente "Chove nos campos de Cachoeira" e "Três casas e um rio".
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