blog em memória da gazetilha que "circulou na cidade de Cachoeira do Arari (ilha de Marajó, Estado do Pará) no biênio 1906 / 1907. Fôlha pequena, a 3 colunas. Redigido por Alfredo N. Pereira." (cf. Carlos Rocque, "Grande Enciclopédia da Amazônia"). O editor era meu avô paterno, usava tipográfica manual no Chalé celebrizado nos romances de Dalcídio Jurandir, notadamente "Chove nos campos de Cachoeira" e "Três casas e um rio".

domingo, 21 de novembro de 2010

RAÍZES DO BRASIL: a mudança política pela base dos municípios mais pobres

qualquer pessoa que preste atenção ao noticiário da mídia deve saber que, desta vez, a Crise é pra valer. Uma metáfora impressionante lembra que a epidemia de obesidade das classe abastadas em países ricos convive com a fome nas margens mais desgraçadas dos países pobres. A mudança Climática é a face escura da inviabilidade socioambiental do sistema de produção e consumo. Os limites do crescimento estão postos: agora, desenvolvimento sustentável significa melhoria na distribuição de renda e sustentabilidade econômica do mercado doméstico, exatamente, para que haja renda a redistribuir. Poucos países como o Brasil tem chances para fazer isto, mas o perigo da "interdependência" já mostrou as garras pronto para acusar o governo do fechamento da economia. Outrora, chamada política "chinesa"...

em boa hora, o governo do Presidente Lula instituiu o programa Territórios da Cidadania, reunindo municípios de menor IDH em cerca de 120 consórcios. O próximo governo da Presidente Dilma poderá acelerar o programa e fazer dele a locomotiva do desenvolvimento regional sustentável com que o mercado interno venha a compensar a prevista retração do mercado externo global. Então, os 120 territórios federativos podem ser a chamada "salvação da lavoura" de um outro Brasil possível. Algo semelhante à imensa China interna e a agressiva indústria made in China.

todavia, isto não é só querer e deitar falação. Aí está, na verdade, o nó Gordio do serviço público com a caricatura do imortal prefeito de Sucupira, Odorico Paraguassu; a fazer rir, quando se devia chorar; a plateia de palhaços pagadores de impostos, mal servidos e mal pagos que alimenta o êxodo rural com a consequente concentração urbana e de rendas, com a explosão do consumo de drogas e da violência. Mais do que prefeitos bisonhos e vereadores venais, é a apatia da população e a morosidade da Justiça que explicam o fenômeno das eleições dos Enéias e Tiriricas de todos os tempos. Seria necessário reformar os chamados "tribunais" de contas para verdadeira corte unificada de Justiça. Onde mais do que prender e cassar, prevalecesse rápido bloqueio e sequestro de bens a par de penalidade por prestação de serviços comunitário e inegibilidade insofismável pelo aperfeiçoamento da lei de Ficha Limpa.

está claro que os políticos (com as devidas exceções) não arredarão uma palha sequer no sentido de mudar as disparidades regionais e desigualdades de classe. Portanto, a Presidente Dilma terá mais dificuldade no campo interno do que no exterior, como aliás ficou patente no governo do Presidente Lula cuja popularidade não deixa dúvida sobre quem está a seu lado e quem está contra.

nunca dantes neste país, as relações federativas foram tão visíveis. Com estas, um termo complementar, ainda pouco notado pelos leitores de jornais e telespectadores, dito cooperação internacional descentralizada, configura um par de atividades que tem a cara da era da internet e parece talhada para atenuar efeitos colaterais da dieta global que está por vir. Autogestão de comunidades rurais e comunas de bairro poderiam contar com vigorosa participação popular capaz de dar vida nova aos municípios como raízes vitais do gigante Brasil.

a "periferia da Periferia" (no caso, a Amazônia) tem fragilidade social histórica, que a academia brasileira negligencia no estudo do desenvolvimento regional. É a formação do município amazônico, saído das aldeias das missões e do Diretório dos Índios durante da ditadura esclarecida do Marquês de Pombal. O PLANO MARAJÓ e programa Territórios da Cidadania, no Pará, poderiam dar oportunidade às relações federativas para realizar, doravante, referência para uma política inovadora em matéria de desenvolvimento local.

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