blog em memória da gazetilha que "circulou na cidade de Cachoeira do Arari (ilha de Marajó, Estado do Pará) no biênio 1906 / 1907. Fôlha pequena, a 3 colunas. Redigido por Alfredo N. Pereira." (cf. Carlos Rocque, "Grande Enciclopédia da Amazônia"). O editor era meu avô paterno, usava tipográfica manual no Chalé celebrizado nos romances de Dalcídio Jurandir, notadamente "Chove nos campos de Cachoeira" e "Três casas e um rio".

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

conexões brasilianas do Oiapoque ao Chuí: Cabanagem e Farroupilha

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Hoje é feriado no Rio Grande do Sul em homenagem do povo gaúcho à revolução Farroupinha. Contemporânea a esta, a Cabanagem no Pará está ligada à Farroupilha inclusive pela presença em ambas do genocida Andrea Soares (barão de Caçapava)e do cabano Manoel Angelim Nogueira (irmão de Eduardo Angelim). Preso no Pará e recrutado pelas forças imperiais ele foi mandado lutar contra os farrapos, mas na batalha de São José do Norte o cabano conseguiu escapar e passou a lutar ao lado dos revolucionários gaúchos. Mais tarde, o irmão mais novo do presidente Eduardo Angelim participou da guerra do Paraguai e de volta ao Rio Grande do Sul findou seus dias como estancieiro num rincão gaúcho, ele que vinha de família de retirantes do Ceará no Pará.

Fatos como este devem ser rememorados na história do bravo Povo Brasileiro. Para isto, a rede de Pontos de Cultura pode capilarizar e acelerar a descoberta da história nacional de Norte a Sul. No Pará, o dia 7 de Janeiro de 1835 -- início da maior insurreição popular da América Latina em que o povo assumiu o poder e cuja consumação final se faz agora por meios pacíficos e democráticos --, por costume, ao contrário da Farroupilha a revolução amazônida passa em brancas nuvens. Em lugar de rememorar a resistência paraense com seus 40 mil mortos (em 100 mil habitantes) comemora-se à "data magna" de 15 de agosto, que é exatamente a causa da revolta popular de 1835, como o maior feriado do estado do Pará.

O problema é que, em 1823, nessa data cometeu-se a falsificação histórica por colonialistas ingleses e portugueses para abafar o movimento independentista 14 de Abril que, em 28 de Maio na vila dem Muaná (ilha do Marajó) proclamou formalmente a Adesão do Pará à Independência do Brasil.

Contra falsa "adesão" neocolonial de 15 de agosto, o povo paraense reagiu e foi duramente reprimido pelo mercenário inglês John Pascoe Greenfell no outubro sangrento do mesmo ano. Episódio central que culminou com o assassinato premeditado de 252 nacionalistas asfixiados nos porões do navio São José Diligente, dito "Palhaço" (fato conhecido como "a tragédia do Brigue Palhaço"). Uma história comparativa entre as contemporâneas Cabanagem e Farroupilha, por exemplo, poderia lançar luzes sobre os subterrâneos de nossa história e nos ajudar a construír um Brasil mais brasileiro e democrático (José Varella, Belém-PA, 20/09/2010).

O aniversário da Revolução Farroupilha
Enviado por luisnassif, seg, 20/09/2010 - 07:57
Por Nicolas Timoshenko

Nassif - hoje feriado aqui no Rio Grande do Sul – Comemora-se a Revolução Farroupilha e através do teu blog, se me permites, presto uma homenagem ao meu estado e ao meu povo – sem nenhum viés bairrista.


Revolução Farroupilha (Resumo)

A Guerra dos Farrapos, ou Revolução Farroupilha, que durou dez anos, de 1835 a 1845, foi uma rebelião separatista liderada pelos pecuaristas do Rio Grande do Sul contra o governo imperial do Brasil.

Eles reclamavam da concorrência desleal do charque (carne-seca) vindo de Uruguai e Argentina, cujos impostos eram muito baixos, prejudicando a comercialização do charque produzido no Rio Grande do Sul, destinado, principalmente, à alimentação dos escravos.

�s a batalha de Seival, em 11 de setembro de 1836, o general Antônio de Sousa Neto, das tropas sulistas, proclamou a República Rio-Grandense, naquele momento denominada “República de Piratini”, pois este era o nome da primeira capital ao novo país. O presidente aclamado da nova república foi Bento Gonçalves, pecuarista que havia lutado na Guerra da Cisplatina, contra o Uruguai.

A constituição da República Rio-grandense foi aprovada em 1843, em Alegrete. A República Rio-Grandense teve cinco capitais em seus nove anos de existência: Piratini, Caçapava do Sul e Alegrete (oficiais), Bagé (somente por duas semanas) e São Borja. Seus presidentes foram Bento Gonçalves da Silva e Gomes Jardim. Santa Catarina se uniu aos revolucionários.

Após as vitórias das tropas comandadas por Giuseppe Garibaldi e Davi Canabarro, o Estado se declarou independente em 1939, com o nome de República Juliana e capital na cidade de Laguna.

Ao assumir o trono do Império do Brasil, em 1840, Dom Pedro II tentou estabelecer a ordem política no país e para isso decidiu anistiar os revoltosos. Porém, a revolução continuou e foi preciso que o então Barão de Caxias, Luís Alves de Lima e Silva, comandasse as tropas federais contra os revoltosos.

Com habilidade, Caxias conseguiu entrar em acordo com os revoltosos e a paz – através do Tratado de Poncho Verde – foi assinada no dia 1 de março de 1845, mesmo dia em que foi dissolvida a república Rio-Grandense, dando fim à mais longa guerra civil brasileira.

Os revoltosos foram anistiados e os soldados e oficiais farroupilhas foram incorporados ao exército imperial. Para efeito legal, a República Rio-Grandense ou de Piratini, nem chegou a existir, pois não foi reconhecida por nenhuma nação. Seu resultado prático foi conseguir uma atenção maior do Governo aos Estados do Sul do País e leis protetoras para sua pecuária.

A revolução, que originalmente não tinha caráter separatista, influenciou movimentos que ocorreram em outras províncias brasileiras: irradiando influência para a Revolução Liberal que viria a ocorrer em São Paulo em 1842 e para a Revolta denominada Sabinada na Bahia em 1837, ambas de ideologia do Partido Liberal da época, moldado nas Lojas Maçônicas. Inspirou-se na recém finda guerra de independência do Uruguai, mantendo conexões com a nova república do Rio da Prata, além de províncias independentes argentinas, como Corrientes e Santa Fé.

Chegou a expandir-se à costa brasileira, em Laguna, com a proclamação da República Juliana e ao planalto catarinense de Lages. Teve como líderes: Bento Gonçalves, General Neto, Onofre Pires, Lucas de Oliveira, Vicente da Fontoura, Pedro Boticário, Davi Canabarro, Afonso José de Almeida Corte Real, Teixeira Nunes, Vicente Ferrer de Almeida, José Mariano de Mattos, além de receber inspiração ideológica de italianos carbonários refugiados, como o cientista Tito Lívio Zambeccari e o jornalista Luigi Rossetti, além de Giuseppe Garibaldi, que embora não pertencesse a carbonária, esteve envolvido em movimentos republicanos na Itália.

A questão da abolição da escravatura também esteve envolvida, organizando-se exércitos contando com homens negros que aspiravam à liberdade.

Para saber mais: Wikipédia

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