blog em memória da gazetilha que "circulou na cidade de Cachoeira do Arari (ilha de Marajó, Estado do Pará) no biênio 1906 / 1907. Fôlha pequena, a 3 colunas. Redigido por Alfredo N. Pereira." (cf. Carlos Rocque, "Grande Enciclopédia da Amazônia"). O editor era meu avô paterno, usava tipográfica manual no Chalé celebrizado nos romances de Dalcídio Jurandir, notadamente "Chove nos campos de Cachoeira" e "Três casas e um rio".

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

pra não dizer que não se plantaram flores

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O velho liberal Voltaire advertia, no "Cândido": "O mal existe. É preciso cultivar nosso jardim". Vinte anos depois da Ditadura de 64 ainda não se compreendeu que democracia, além de votar e dizer o que sente e pensa; é povo no poder com inclusão social e distribuição de renda. A herança maldita do colonialismo reluta em desaparecer. Para acelerar a tendência de diminuição do apartheid entre ricos e pobres em nosso país, em curso desde fins dos anos 90, é preciso turbinar programas federativos como os Territórios da Cidadania onde se integram ações públicas de desenvolvimento socioeconômico e ambiental em democracia participativa reunindo União, estados e municípios. Hoje são cerca de 120 consórcios territoriais, cuja experiência do que está dando certo e do que não deu deve ser reaplicada na formação de outros territórios federativos até, aproximadamente, 200. Com que algo como 4 mil municípios de menor IDH poderiam contar com maiores atenções (José Varella, Belém-PA, 13/09/2010).

Brasil está entre os dez países mais desiguais do mundo, revela estudo

Agência Brasil


DA REDAÇÃO - O economista-chefe do Centro de Políticas Sociais, vinculado à Fundação Getulio Vargas (FGV), Marcelo Côrtes Neri, afirmou que a baixa escolaridade da população brasileira mantém o País entre as dez nações mais desiguais do mundo. "Ainda estamos no top 10 da desigualdade mundial", disse.

Análise publicada pelo economista na mostrou que, desde 1996, há redução do índice de Gini. O indicador, que mede a concentração de renda (quanto mais perto de 1, maior a desigualdade), caiu de 0,6068, naquele ano, para 0,5448, em 2009.

Apesar da queda, o índice brasileiro é superior ao de países como os Estados Unidos (em torno de 0,400) e da Índia (0,300) e está próximo ao de nações mais pobres da América Latina e do Caribe e da África Subsaariana. "Saímos do pódio, mas ainda estamos entre os mais desiguais", afirmou o economista.

Segundo Neri, para diminuir a desigualdade, é preciso que a renda das classes mais baixas continue crescendo, que se mantenham programas sociais focados na população mais pobre e, sobretudo, que o Estado amplie a oferta de educação de mais qualidade e as pessoas permaneçam na escola.

O sociólogo e cientista político Simon Schwartzman, presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), disse que "a educação no Brasil é muito ruim" e que há um "excesso de valorização" da escolaridade, o que explica a grande diferença salarial entre quem tem curso superior e quem não tem nenhuma formação. Para ele, o desempenho educacional "não tem melhorado muito" e, portanto, nos próximos dez anos o quadro de desigualdade permanecerá.

Para o gerente da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Cimar Azeredo, o Brasil tem "mazelas que não se desfazem de uma década para outra". Ele citou a diferença entre a renda de homens e mulheres, brancos e negros. "O passivo é muito grande. Somos há muito tempo um País desigual".

O estatístico e economista Jorge Abrahão de Castro, diretor de Estudos e Políticas Sociais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), confirmou que o País ainda vive "as sequelas do passado" demonstradas, por exemplo, na última Pnad, que, além da desigualdade perene, indicou que um em cada cinco brasileiros com 15 anos ou mais tem menos de quatro anos de estudo.

De acordo com a Pnad, o percentual de crianças e adolescentes de 6 a 14 anos na escola em 2009 era de 97,6%. Na avaliação dos especialistas, a permanência dessas crianças na escola resultará em melhoria de renda no futuro.

Para Marcelo Neri, da FGV, a chamada nova classe média brasileira, com mais de 95 milhões de pessoas, é formada por crianças e adolescentes que entraram e permaneceram na escola nos anos 90, quando houve universalização do acesso ao ensino.


.17:36 - 12/09/2010

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